A relação entre força e resistência anaeróbica
Physiology Update - 1986 (Articles by other Industry Leaders)
Os dois gráficos mostrados na terceira página apresentam um exemplo dramático de um fator que tem sido objeto de enorme controvérsia por um período de vários anos, o Fator RA¹. RA como abreviação para resistência anaeróbica.
Alguns sujeitos exibem uma enorme quantidade de resistência anaeróbica, outros quase nenhuma. Até 30 de maio de 1986, realizamos esse tipo de teste em um total de aproximadamente onze centenas (1.100) de indivíduos e dizer que os resultados desses testes foram impressionantes seria um eufemismo grosseiro.
Estamos lidando aqui com a medição do “efeito” do exercício, a consequência imediata do exercício e não com os “resultados” do exercício, a consequência final do exercício. Em vez disso, a perda imediata de força que é produzida quando um sujeito é trabalhado a um ponto de falha muscular momentânea, a um ponto onde o movimento contínuo contra o nível selecionado de resistência se torna momentaneamente impossível.
Estamos, portanto, realizando medições para determinar a relação do indivíduo entre sua força máxima e sua resistência anaeróbica. Esta relação varia enormemente de um indivíduo para outro. Quase certamente é determinada geneticamente e não parece estar sujeita a treinamento. Você provavelmente nasceu com uma certa relação e provavelmente morrerá com a mesma proporção.
Mas se isso for verdade, por que se preocupar com isso? Por que se preocupar com algo que você não pode mudar? Porque, esse fator pode ser a única diferença entre um campeão e um fracasso total, tudo o mais sendo igual.
Porque, em segundo lugar, tomar conhecimento desse fator, e como você o mede, pode lhe dizer o tipo de atividade na qual você pode ser muito bom e as áreas nas quais você certamente falhará. E, porque, em terceiro lugar, uma consciência de sua própria relação lhe dirá como se exercitar para obter bons resultados e o que você deve evitar.
Alguns indivíduos requerem exercícios que envolvem repetições muito altas. Para eles, exercícios de baixa a média repetição, como são agora realizados pela maioria das pessoas, provavelmente são uma perda de tempo, produzindo pouco ou nada em termos de benefício, na melhor das hipóteses.
Tal exercício provavelmente não irá prejudicá-los, mas também não irá ajudá-los muito. Eles estão simplesmente desperdiçando seu tempo e esforço. Eles precisam de repetições muito altas.
Alguns outros sujeitos literalmente não toleram exercícios de alta repetição. Para eles, tal exercício é totalmente devastador. Treinados com altas repetições, esses indivíduos perderão rapidamente força e tamanho muscular. Esses sujeitos precisam de um estilo de treinamento que seria inútil para muitas outras pessoas mas um estilo que é um requisito absoluto para eles.
Conheço esse fator, o Fator RA, há mais de cinquenta anos, e publiquei artigos sobre o assunto há mais de vinte e cinco anos. Mas só por volta de 1986 finalmente tomei consciência da real importância desse fator.
Há vários anos, um debate bastante acalorado tem sido travado sobre esse assunto por várias pessoas com pouco ou nada em termos de acordo, entendimento ou prova. Mas agora temos a prova. Agora podemos medir esse fator com um alto grau de precisão.
Cinquenta anos atrás, eu assumi que as diferenças individuais em relação a esse fator eram resultado de diferenças individuais no sistema nervoso. Eu assumi que algumas pessoas poderiam recrutar uma porcentagem maior do que a média de seu número total de fibras musculares durante um exercício de máximo esforço possível. Essas pessoas seriam muito mais fortes do que pareciam ser, mas teriam muito pouca resistência anaeróbica.
Até 1986 havia muita especulação sobre o assunto a respeito de diferentes tipos de fibras musculares, mas não por mim. Eu sabia muito pouco sobre os diferentes tipos de fibras musculares e alegava saber ainda menos porque tento evitar formar opiniões até, e a menos que, eu tenha algum método confiável para confirmá-las.
Então nós sabíamos o que estávamos medindo aqui, pelo menos em certo sentido, mas nem sequer afirmamos saber exatamente o que era responsável pelo fator que estávamos medindo. Talvez tivéssemos descoberto um método não invasivo muito preciso para determinar os tipos de fibra. Talvez sim mas talvez não. Talvez tenhamos descoberto um método de medir o fator que certa vez chamei de capacidade neurológica... e talvez não.
E talvez tivéssemos descoberto uma maneira de medir alguma combinação desses fatores, ou talvez tivéssemos encontrado uma maneira de medir algum fator insuspeito com o qual ninguém jamais sonhou.
Não sabíamos e não pretendíamos saber. Mas sabíamos da importância deste fator, fosse ele qual fosse. Devo lembrá-lo de que ninguém em sã consciência tentaria explicar a luz ou a gravidade, mas podemos medir ambas, e podemos aproveitar as oportunidades oferecidas pela luz e pela gravidade, e podemos evitar os problemas associados com tanto a luz quanto a gravidade. E podemos fazê-lo mesmo sem a menor ideia de qualquer valor em qualquer um dos assuntos.
Não sabemos até que ponto esse fator varia, de um indivíduo para outro, mas sabemos que a variação é ampla, muito ampla.
Até agora, de uma amostra bastante pequena de aproximadamente mil e cem indivíduos, já medimos uma variação que excede quarenta para um.
O Gráfico 1 mostra um sujeito com enorme resistência anaeróbica, enquanto o Gráfico 2 mostra um sujeito com quase nenhuma resistência anaeróbica.
Ambos foram exercitados da mesma maneira e no mesmo grau. Ambos receberam um nível de resistência que foi calculado para produzir falha muscular momentânea após um certo número de repetições. Um nível anaeróbico de resistência, alto o suficiente para que eles não pudessem continuar depois de algumas repetições.
Então, ambos os sujeitos realizaram o máximo de repetições possíveis, parando apenas quando era impossível continuar, quando não era mais possível produzir movimento. Ambos os sujeitos foram capazes de realizar apenas seis repetições e, devido à fadiga momentânea, não conseguiram exito contra o nível de resistência selecionado.
Ambos os indivíduos foram testados antes do exercício, a fim de determinar seu nível inicial de força e foram testados novamente imediatamente após o exercício, para determinar a perda de força produzida pelo exercício, o 'efeito' do exercício, o efeito imediato consequência do exercício.
O sujeito do Quadro 1 não produziu quase nenhum efeito, quase nenhuma perda de força. O efeito real foi de pouco mais de um por cento. Muito, muito pouco.
Em surpreendente contraste, o outro sujeito produziu um efeito de 43,94%. Quase quarenta e quatro por cento. Quarenta e quatro por cento de perda de força em apenas seis repetições.
Notas:
1) AE factor no original em inglês, de Anaerobic Endurance.
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